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Diferentes maneiras de assumir seu poder

Diferentes maneiras de assumir seu poder

De Laura Jane (ljane@hotmail.com) – Novembro/2007


Estudando a relação de Poder, como bons cartesianos, pode-se transpô-lo em uma curva de Gauss. Na realidade, podemos estabelecer uma analogia entre o “grau de investimento” em uma relação de poder e o “grau de exatidão” desta.

Abaixo de um certo limiar, o poder é “evitado” e isso pode corresponder a uma fuga de responsabilidade (zona A do gráfico). Além de um certo limiar o poder está em excesso e pode, então, cair em uma forma de desvio (zona C) . O poder bem “dosado”, que se coloca a serviço de uma missão ou tarefa, e a serviço dos homens, corresponde, então, a um grau de exatidão máximo (zona B). Isso, evidentemente, é muito mais fácil para ser expresso do que para ser realizado na realidade. Entretanto, mesmo que “o mapa não seja o território”, ele permite ter alguns pontos de referência…..

Grau de investimento = poder “confirmado” = grau de investimento do poder exercido

Grau de “exatidão” = poder “utilizado” = grau de “exatidão“ do poder exercido

O PODER, visto como o conjunto de habilidades do Dimensional, se coloca a serviço de uma missão a ser realizada. A missão/compromisso constitui o objetivo, e o poder o meio. Eles podem ser acolhidos e assumidos de três maneiras: 
1ª – Na evitação: “Não, não serei capaz, está acima de minhas forças, eu não conseguiria….” A pessoa não acredita nos recursos que lhe são concedidos para realizar a missão/compromisso. Ela desconhece e se recusa a assumir o poder que lhe é outorgado para ter sucesso. A pessoa, na postura de evitação, recusa ou a sua missão, ou o poder correspondente, ou os dois e não explicitamente. É tipicamente o caso de Jonas. 
2ª – Na exatidão: a missão é aceita e o poder, relativo a ela é assumido com exatidão. A missão/compromisso é realizada e ela se coloca a serviço das pessoas. O julgamento de Salomão é uma ilustração disso. O comportamento de José, aos se recusar a ceder ao assédio da esposa do Putifar é outro exemplo. 
3ª – No desvio: a missão e o poder correspondente visam principalmente o benefício do detentor do poder.Estão a serviço de uma realização egóica; classicamente, a vontade de poder, a posse ou o prazer.Como exemplo temos o adultério e crime de Davi.

A evitação do poder (zona A do gráfico)

Jonas se rebela com relação à sua visão: 
“A palavra de Iahweh foi dirigida a Jonas, filho de Amati:’Levanta-te, vai a Nínive, a grande cidade, e anuncia contra ela que sua maldade chegou até mim’. E Jonas levantou-se para fugir para Társis, para longe da face de Iahweh. Ele desceu a Jope e encontrou um navio que ia para Társis, pagou a passagem e embarcou para ir com eles para Tásis, para longe da face de Iahweh” (Jn 1,1-3).

Uma missão foi confiada a Jonas. Ele lhe pede que “grite” contra Nínive para que esta se arrependa e faça um caminho de retorno em direção a Iahweh. Amedrontado por tal responsabilidade, Jonas foge. Falta de confiança em si; falta de fé. Ele não se sente capaz de tal missão. Ele não tem consciência de que se ela lhe é confiada, os meios para realizá-la seguir-se-ão (“homens de pouca fé”). As objeções de Moisés: 
“Respondeu Moisés:’Mas eis que não acreditarão em mim, nem ouvirão a minha voz’, pois dirão: ‘Iahweh não te apareceu’. Iahweh perguntou-lhe: ‘Que é isso que tens na mão?’ Respondeu-lhe: ‘Uma vara’. Então lhe disse: ‘lança-a na terra’. Ele a lançou na terra, e ela se transformou em serpente, e Moisés fugiu dela. Disse Iahweh a Moisés: ‘ Estende a mão e pega-a pela cauda’. Ele estendeu a mão e pegou-a pela cauda e ela se converteu em vara . (….) Disse Moisés a Iahweh: ‘Perdão, meu Senhor, eu não sou um homem de falar, (….) pois tenho a boca pesada, e pesada a língua’. Respondeu-lhe Iahweh: ‘(….) Vai, pois, agora, e eu estarei em tua boca, e te indicarei o que hás de falar’” (Ex 4,1-12).

Iahweh confia a Moisés a missão de libertar o povo hebreu do Egito. Moisés “entra em pânico”. Ele se sente, em absoluto, capaz de tal missão. Ele sabe que será muito difícil de convencer, não somente o faraó , mas também os hebreus. Além disso ele é gago e, portanto, não tem facilidade para falar. Ele duvida de sua capacidade para levar essa tarefa a cabo com sucesso. Moisés é tentado pela fuga. Mas, Iahweh lhe dá sinais e promessas para que ele adquira confiança em si.

Nesse contexto, Moisés apresenta um exemplo de evitação de poder, característico da “zona A”. Ele vai acabar por aceitar a missão… assim como Jonas.

Na nossa realidade, onde cada um detém uma parcela de poder, pode-se fazer a pergunta:”Será que estou me exprimindo aquém de minhas capacidades?Se sim, seria por medo,por autodesvalorização?

O que estou evitando ? De que suporte preciso? Qual é o meu projeto de vida? ………..” A autodesvalorização não é humildade. Permanecer aquém do que somos capazes de dar pode ser uma falha pessoal nos nossos planos. Urge que façamos uma reavaliação de nossos planos.

O poder deturpado (zona C do gráfico)

Adultério e crime de Davi: 
“Aconteceu que, numa tarde, Davi, levantando-se da cama, pôs-se a passear pelo terraço do palácio e do terraço avistou uma mulher que tomava banho. E era muito bela a mulher. Davi mandou tomar informações sobre aquela mulher, e lhe disseram:’ Ora é Betsabá, filha de Eliam e mulher de Urias, o heteu!’. Então Davi enviou emissários que a trouxessem. Ela veio ter com ele, e ele deitou-se com ela. Depois ela voltou para a sua casa. A mulher concebeu e mandou dizer a Davi: ‘Estou grávida!’” (2 Sm 11,2-5).

“Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e a remeteu por intermédio de Urias. Escreveu ele na carta: ‘Coloca Urias no ponto mais perigoso da batalha e retirem-se deixando-o só, para que seja ferido e venha a morrer’” (2Sm 11,14-15).

Davi, segundo rei de Israel, aquele que salvou seu país do domínio dos filisteus, ao matar o gigante Golias.

Aquele por quem foi aberta a via da linhagem messiânica. Davi, no entanto, descobre-se…”pecador”. Fascinado pela beleza de Betsabá e querendo possuí-la, fez com que matassem seu marido Urias, transferindo-o para o front, no combate mais forte. A Bíblia nos mostra, aí, um caso patente de abuso de poder, no qual o detentor da autoridade tira desta um benefício pessoal deturpado. É conveniente lembrar que ser “pecador” significa “errar o alvo”. Aqui, Davi “erra o alvo” da missão que lhe fora confiada.

Como isso pode no alertar? Ele pode me levar a me interrogar sobre a maneira pela qual eu posso apoiar-me sobre acontecimentos da vida de todo dia, no exercício do meu poder, para ampliar meu campo de consciência. De que maneira tenho gerenciado o meu poder ao dedicar-me às minhas tarefas? Quais são os meus limites? Como superá-los?O que está acontecendo comigo , hoje, ao desejar assumir mais responsabilidade?

Tantas perguntas que me convidam no discernimento, a tomar consciência, que me permitem progredir, crescer, tornar-me um dimensional atuante.

“Será que exerço um poder que ajuda o outro a crescer, ou um poder que oprime? Se sou “perseguidor” com relação a algumas pessoas, o que está acontecendo comigo? Quais são os ‘atributos’ pessoais que me outorgam essa autoridade?”

O poder “justo” (zona B do gráfico)

Julgamento de Salomão: 
“Trazei-me uma espada, ordenou o rei; e levaram-lhe a espada. E o rei disse: 1Cortai o menino vivo em duas partes e daí metade a uma e metade à outra’. Então a mulher, de quem era o filho vivo, suplicou ao rei, pois suas entranhas se comoveram por causa do filho, dizendo: ‘Ó meu senhor! Que lhe seja dado então o menino vivo, não o matem de modo nenhum!’ Mas a outra dizia: ‘Ele não seja nem meu nem teu, cortai-o1’ Então rei tomou a palavra e disse: ‘Daí à primeira a criança, viva, não a matem. Pois é ela a sua mãe.” (1Rs 3, 24-27).

Duas mulheres brigam por uma criança. Tanto uma quanto outra clama por justiça. Instante patético, no qual recorremos à mediação do rei. Como discernir diante de tal desavença? Onde se encontra a verdade? Salomão teve uma idéia genial: fingir que recorreria à pior solução, cortar a criança em duas, para dar uma aparência de justiça. O estratagema deu um bom resultado. A verdadeira mãe renuncia diante dessa perspectiva ignóbil. A falsa mãe foi desmascarada.

Poder a serviço da justiça. Tática baseada na astúcia. Mediação bem-sucedida.

Como “fazermos justiça” enquanto líderes? Qual é nosso grau de imparcialidade? Quais são os nossos critérios de decisão? Agimos sob alguma influência, ou como homens livres?

Analisando de uma maneira geral o grande desafio dos “líderes dimensionais”, vamos transpor todas essas mensagens, para nós , investidos de poder justo, ou seja a serviço do bem, tenhamos a vocação de “ abrir os olhos” de nossos liderados e irmãos, ajudando-os a apreender as realidades e a fazer as conscientizações apropriadas. Ajudá-los a “caminhar direito”, nas trilhas de um projeto compartilhado com o Mediador. Podemos permitir que os iniciantes “escutem” coisas difíceis sobre si mesmos, acompanhá-los na transformação, em seguida às crises individuais que atravessarem.

Podemos, enfim, mobilizá-los a todos, dimensionais amadurecidos ou não, para a “boa nova” de uma visão de futuro motivadora essencialmente apresentada pelo Mediador, objetivando alcançar um Novo Tempo e sob orientação dos Seres Superiores.

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